O Destino Humano

Morte e Juízo Particular

A Igreja acredita em dois destinos finais- um para os indivíduos e outro para a humanidade como um todo.

O que você pode esperar na morte está expresso no Novo Testamento, na Carta aos Hebreus: "Está determinado que os homens morram uma só vez, depois do que vem o julgamento..." (Hb 9,27).

Sua vida como peregrino na terra atinge o ponto de chegada no momento da morte. Tendo transposto o limite deste mundo de tempo e mudança, você não pode mais escolher uma realidade diferente como o máximo amor de sua vida. Se sua opção fundamental de amor no momento da morte foi o Bem absoluto que chamamos Deus, Deus permanece sua posse eterna. Esta posse eterna de Deus chama-se céu.

Se sua definitiva opção de amor no momento da morte foi algo inferior a Deus, você experimenta o vazio radical de não possuir o Bem absoluto. Esta ruína eterna chama-se inferno.

O julgamento no instante da morte consiste numa revelação límpida da sua condição imutável e livremente escolhida: a eterna união com Deus ou a eterna alienação.

O Purgatório e a Comunhão dos Santos

Se você morre no amor de Deus mas está com "manchas de pecado", estas manchas são eliminadas num processo de purificação chamado purgatório. Tais manchas de pecado são principalmente as penas temporais devidas aos pecados veniais ou mortais já perdoados, mas para os quais não foi feita expiação suficiente durante sua vida. Esta doutrina do purgatório, contida na Escritura e explanada na tradição, foi claramente expressa no li Concílio de Lião (l274 d.C.).

Tendo passado pelo purgatório, você estará plenamente livre do egoísmo e será capaz do amor perfeito. Seu eu egoísta, aquela parte de você que sem cessar procurava auto-satisfação, terá morrido para sempre. O seu "novo eu" será sua - mesma pessoa íntima, transformada e purificado pela intensidade do amor de Deus por você.

Além de ensinar a realidade do Purgatório, o 11 Concílio de Lião afirmou também que "os fiéis na terra podem ser de grande ajuda" para os que sofrem o purgatório, oferecendo por eles "o Sacrifício da Missa, orações, esmolas e outros atos religiosos".

Está incluído nesta doutrina o laço de unidade - chamado Comunhão dos Santos - que existe entre o Povo de Deus na terra, e os que partiram à nossa frente. O Vaticano li, refere-se a este vínculo de união dizendo que "recebe com grande respeito aquela venerável fé de nossos antepassados sobre o consórcio vital com os irmãos que estão na glória celeste ou ainda se purificam após a morte" (Lumen Gentium, nº 51).

A Comunhão dos santos é uma rua de mão dupla: no trecho acima citado, o Vaticano II afirma que, assim como você na terra pode ajudar aqueles que sofrem o purgatório, assim os que estão no céu podem ajudá-lo na sua peregrinação, intercedendo por você junto de Deus.

O Inferno

Deus, que é infinito amor e misericórdia, é também justiça infinita. Por causa da justiça de Deus e também por causa do seu total respeito pela liberdade humana, o inferno é uma possibilidade real como destino eterno de uma pessoa. É difícil para nós entender este aspecto do mistério de Deus. Mas o próprio Cristo o ensinou e também a Igreja o ensina.

A doutrina do inferno está claramente na Escritura. No Evangelho de Mateus Cristo diz aos justos: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo". Mas aos ímpios Ele dirá: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos" (Mt25,34.41). Em outro lugar se recorda que Jesus disse: "É melhor entrares mutilado para a Vida do que, tendo as duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível" (Mc 9,43).

Um ponto que se destaca claramente desta doutrina é a realidade da liberdade humana. Você é livre para buscar a Deus e servi-lo. E é livre para fazer o contrário. Em ambos os casos, você é responsável pelas consequências. A vida é um assunto sério. O modo como você a vive faz uma grave diferença. Você é livre, radicalmente livre, para buscar a Deus. E é livre, radicalmente livre, para escolher a dor inexprimível de sua ausência.

O Céu

A graça, presença de Deus dentro de você, é como uma semente, uma semente vital, que cresce, e está destinada, um dia, a desabrochar na sua plenitude.

Deus se deu a você, mas dum modo escondido. No tempo presente, você o procura mesmo se já o possui. Mas chegará o tempo em que sua procura vai terminar. Você então verá e possuirá a Deus completamente. Isto é o que foi revelado.

Na sua primeira carta, São João nos diz: "Caríssimos, desde já somos filhos de Deus; mas o que nós seremos ainda não se. manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é" (l Jo 3,2).

E, na sua primeira carta aos Coríntios, São Paulo escreve: "Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei totalmente, como sou conhecido" (I Cor 13,12).

Isto é o céu: a direta visão de Deus face a face como Ele é Pai, Filho e Espírito Santo; união perfeita e total com Deus, um êxtase de contentamento que vai além de toda imaginação humana; o "agora" da eternidade no qual tudo é sempre novo, aprazível e presente para você; a torrente calorosa de alegria na companhia de Jesus, de sua Mãe e de todos os que você amou e conheceu; a ausência total de dor, de pesar, de más recordações; o gozo perfeito de todos os poderes da mente e (após a ressurreição no Dia do Juízo) do corpo.

O céu é isto. Quer dizer, isto é uma descrição pálida e humana daquilo que Deus prometeu aos que o amam, daquilo que Cristo conquistou para nós com sua morte e Ressurreição.

Um novo céu e uma nova terra

A fé no juízo final no último dia está claramente expressa nos credos da Igreja. Naquele dia, todos os mortos ressuscitarão.

Pelo poder divino, todos estaremos presentes diante de Deus como seres humanos corpóreos. Então Deus, Senhor absoluto da história, presidirás um panorâmico julgamento de tudo o que a humanidade fez e suportou através dos longos séculos nos quais o Espírito atuou para nos gerar como um povo.

Quando chegará este dia? Numa passagem notável, repleta da esperança em todas as coisas humanas, o Vaticano II, faz essa pergunta e expressa a visão da Igreja: "Nós ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira da transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara morada nova e terra nova. Nela habita a justiça e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos da paz que sobem nos corações dos homens".

Enquanto isso, durante o tempo que nos resta, "cresce aqui o corpo de uma nova família humana, que já pode apresentar algum esboço do novo século".

Depois que "propagarmos na terra os valores da dignidade humana, da comunidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da natureza e do nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos contudo de toda impureza, iluminados e transfigurados... O Reino já está presente em mistério aqui na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará" (Gaudium et Spes, nº 39).

Este reino já está presente em mistério. Já raiou o dia em que Deus "enxugará toda lágrima dos seus olhos, e nunca mais haverá morte". Já raiou o dia em que Ele diz a todos os seres vivos: "Eis que eu faço novas todas as coisas... Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim" (Apoc 21,4.5.6).

Entrementes, trabalhamos e rezamos para o pleno florescimento deste reino vindouro. Com os primeiros cristãos, exclamamos: Marana tha! Vem, Senhor Jesus! Nós te buscamos.

O Sacramento da Confissão

Porque devemos nos confessar.

Deus, no seu amor paternal, deseja que todos os pecadores voltem para junto dele. Ele quer que nos afastemos dos nossos pecados, que nos convertamos a ele, nosso supremo Senhor e fim eterno. Jesus Cristo nos diz no Evangelho: "Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está perto." (Mat. IV,17).

Mas para nos ajudar a fazer a penitência, Deus nos dá uma virtude especial para que tenhamos forças para nos arrependermos de nossos pecados. Essa força especial é a Virtude de Penitência.

Pela virtude de Penitência, que Deus coloca no nosso coração, Ele nos leva a reconhecer toda Sua bondade, toda Sua santidade e como nós O ofendemos e O deixamos triste quando cometemos nossos pecados. Só mesmo conhecendo a Santidade, a Justiça e o Amor de Deus é que podemos reconhecer como nossos pecados ofendem a Deus.

Deus quer que tenhamos grande arrependimento por nossos pecados.

O que quer dizer "se arrepender"?

Arrepender-se quer dizer não querer de maneira nenhuma continuar com a alma manchada pelo pecado, sentir uma dor profunda por ter traído a bondade de Deus, ter ofendido e entristecido a Deus, que nos ama tanto.

Na nossa família nós temos um bom exemplo do que é o arrependimento, quando deixamos nossos pais tristes e ofendidos. Logo vem aquela dor, aquela vergonha e, ao mesmo tempo, a certeza de que eles vão nos perdoar, se pedirmos desculpas, porque sabemos que eles nos amam muito. Com Deus também acontece assim. Com essa diferença: o arrependimento dos nossos pecados nos abre novamente as portas do Paraíso, nos devolve a amizade com nosso Deus, que morreu na Cruz para nos salvar.

Mas se não tivermos o arrependimento, será que Deus nos perdoará dos nossos pecados? É fácil perceber que sem um sincero arrependimento, Deus não pode nos perdoar.

Há vários tipos de arrependimento pelo pecado:

- Arrependimento humano: estamos arrepenndidos porque temos medo do castigo que receberemos de nossos pais. Esse arrependimento humano nada adianta para o perdão dos pecados.

- Arrependimento imperfeito: chama-se taambém contrição imperfeita ou atrição - estamos arrependidos porque temos medo do castigo de Deus.

- Arrependimento perfeito: chama-se tambbém contrição perfeita - estamos arrependidos não mais por causa do castigo dos pais ou de Deus, mas porque ofendemos a Deus, traímos o amor de Deus, nosso Pai tão bom e amoroso, nosso Redentor e Salvador. Esta dor é chamada perfeita porque vem do amor que sentimos por Deus. É essa contrição perfeita que nós manifestamos quando rezamos o Ato de Contrição. Devemos saber de cor o Ato de Contrição para rezá-lo no confessionário e também em todos os momentos de tentação e perigo de nossa vida.

"Meu Deus, eu tenho muita pena de ter pecado, pois ofendi a Vós, meu sumo Bem, e mereci os castigos de Vossa justiça. Perdoai-me, Senhor, não quero mais pecar".

Existe um Ato de Contrição mais bonito e mais completo:

"Senhor meu Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, criador e redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me Senhor, de todo o meu coração de Vos ter ofendido; pesa-me também de ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com o auxílio da Vossa divina graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amém."

Porém, só o arrependimento não basta! É preciso que ele seja acompanhado pelo bom propósito. O que é o propósito?

É a vontade firme e sincera de não mais cometer aquele pecado.

Se tivermos a contrição perfeita e o firme propósito de não mais pecar, devemos esperar com toda confiança o perdão de Deus. Ele é infinitamente misericordioso, chegando até a enviar seu Filho, o Verbo Encarnado, Jesus Cristo, para morrer pagando nossos pecados.

Essa virtude de Penitência não serve apenas para que nasça em nosso coração o arrependimento e a dor por ter pecado. Ela nos ajuda ainda a realizar certos atos exteriores, as obras de penitência, que servem para diminuir a pena do Purgatório, que teremos de pagar antes de irmos para o Céu; serve para dominar nossas más inclinações, nossos defeitos dominantes; e, também, para nos fortificar no bem.

São obras de penitência: rezar, jejuar, dar esmolas, suportar com paciência os sofrimentos e contrariedades, aceitar os incômodos da vida. A melhor obra de penitência é receber o Sacramento da Penitência, que é a Confissão.

A Tentação, o Pecado e o Sacramento da Confissão

Deus quer que a nossa vida aqui na Terra seja um tempo de provação, para podermos alcançar a glória do Paraíso, não somente como um presente mas também como prêmio pela vitória. Por isso Ele permite que sejamos tentados e mesmo que, por nossa fraqueza, façamos pecados, pondo assim em risco a nossa Salvação Eterna.

A Tentação

Quando Jesus foi tentado no deserto, levou-o o demônio a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória e disse-lhe: "- Tudo isso lhe darei se, prostrado em terra, me adorares. Respondeu-lhe Jesus: Afasta-te Satanás! Pois está escrito: adorarás ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás. Então o demônio o deixou e eis que vieram os anjos e O serviram." (S. Mateus, IV, 8-11).

Enquanto vivermos na Terra estaremos sujeitos à tentação. O demônio emprega toda sua astúcia e maldade para fazer com que pequemos e nos condenemos para sempre.

Deus permite a tentação. Ele quer nossa vitória, mas ao mesmo tempo Ele quer que nós saibamos reconhecer nossa fraqueza ficando humildes: a luta deve também nos fortificar para que nossa recompensa seja, um dia, ainda maior.

Deus nos ajuda na tentação. Ele é fiel: se Ele permite que sejamos tentados, Ele também nos dá as graças para vencer a tentação. Deus está sempre do nosso lado.

Como fazer quando somos tentados?

Devemos resistir imediatamente à tentação e invocar o auxílio de Deus. Às vezes bastará uma oração jaculatória ou o Sinal da Cruz. Muitas vezes o melhor é não fazer caso da tentação, ocupar-se com alguma outra coisa e acabar esquecendo o pecado. Devemos evitar as más companhias que podem nos conduzir à ocasiões de pecado.

Sentir uma tentação é pecar?

Não. Só haverá pecado se nós consentirmos na tentação, ou seja, se nós aceitarmos o pecado que a tentação propõe. Mas já é pecado se nos expormos à tentação ou não a combatermos com fervor.

Para a minha vida: Na tentação direi: Nunca, Jamais! e rezarei: Senhor, ajudai-me!

A tristeza e o abatimento são os maiores aliados da fraqueza e do mal. Por isso sejam sempre alegres.

Os Santos nos ensinam:

"Quem não é tentado não é provado: quem não é provado não progride" (Sto. Agostinho).

"Quanto mais se luta, mais se demonstra o amor a Deus" (Sta. Tereza D'Ávila).

"Se nos deixarmos levar pela mão de Deus, venceremos o demônio: se combatermos sozinhos, seremos vencidos" (Sto. Agostinho).

O Pecado

Muitas vezes não damos ouvidos aos conselhos de Deus, mas consentimos na tentação. Pecamos contra Deus, Sua vontade e Sua ordem. Desobedecemos à Lei de Deus com consciência, querendo fazer o pecado.

O pecado pode ser mortal ou venial.

O Pecado Mortal - O pecado mortal é um pecado sobre matéria grave, onde desobedecemos os mandamentos de Deus ou da Igreja. Para ser mortal, deve haver matéria grave e vontade firme de pecar.

O que quer dizer matéria grave? Vamos dar um exemplo. Todos sabem que roubar é pecado. Se você rouba uma bala de um amigo da escola, a matéria do pecado é leve, é muito pouca coisa. Se você rouba um saco de balas ou a carteira de dinheiro, a matéria do pecado é grave.

O que quer dizer vontade firme? Dizemos também: ter pleno consentimento do pecado. Ou seja, você sabe perfeitamente que aquilo é pecado, você poderia recusar, mas você faz assim mesmo. Todas as vezes que fazemos algo contra os dez mandamentos da Lei de Deus e contra os cinco mandamentos da Igreja, em que há matéria grave e pleno consentimento, cometemos pecado mortal.

O pecado mortal é uma grave injúria que se faz a Deus. Com o pecado mortal o homem se rebela contra seu Criador e Senhor. Deste modo, ofende a Deus, Santidade infinita, e retribui com a mais vergonhosa ingratidão ao amor de seu bondoso Pai e de seu Redentor crucificado.

O pecado mortal é, ao mesmo tempo, uma terrível desgraça para o homem: rouba-lhe a vida da graça e a amizade de Deus: ele perde todos os méritos que já tinha ganho; passa a merecer a condenação eterna do inferno e os castigos temporais. Enquanto o pecador não se arrepender, estará morto para o Céu.

"É impossível que venha a cometer um pecado mortal o homem que reza com verdadeiro fervor e continuamente invoca a Deus" (S. João Crisóstomo).

O Pecado Venial - É o pecado que não nos afasta inteiramente de Deus, mostra certa negligência do nosso amor e serviço de Deus, mas não chega a ser uma grave traição. Esses pecados podem ser perdoados sem a Confissão, bastando rezar um Ato de Contrição, pedir sinceramente perdão a Deus e não querer fazer mais aquilo. Deus perdoa assim o pecado venial. Eles não acarretam a morte eterna e o inferno, mas não deixa de ferir nossas almas e aumentar o tempo do Purgatório.

Comete-se pecado venial quando se peca em matéria menos grave, como por exemplo o que vimos do roubo de bala. Podemos cometer pecado venial também por falta de vontade firme de não pecar.

Por isso, a grande importância da Confissão freqüente. Mesmo que estejamos arrependidos de ter feito algo que consideramos errado, o melhor que temos a fazer é nos confessarmos. Na Confissão, o Padre poderá esclarecer todas as nossas dúvidas, e certamente ficaremos mais tranqüilos e felizes por recebermos a Santa Comunhão e vivermos em constante estado de graça.

Mas não é porque o pecado venial seja leve que podemos viver pecando assim. Todo pecado, mesmo venial, é uma ingratidão para com nosso Pai Celeste. Devemos nos esforçar para evitar também os pecados veniais. Além disso eles nos prejudicam, principalmente quando os cometemos deliberadamente. Perdemos por causa deles muitas graças e diminui em nós o amor de Deus e o gosto pelo Bem. E, depois, com a alma enfraquecida com muitos pecados veniais, logo virão pecados mortais. Como todo pecado, o pecado venial nos traz penas temporais que teremos de pagar ou com nossos sofrimentos aqui na Terra ou com muito sofrimento no Purgatório.

Para minha vida: Quando, na tentação, me vier um pensamento assim: ... afinal, isso não passa de um pecado venial, responderei a mim mesmo: o Divino Salvador na Cruz teve de sofrer também pelos pecados veniais.

O Sacramento da Confissão

1) A Instituição do Sacramento da Penitência

Na tarde do dia da Ressurreição, apareceu Jesus aos Apóstolos e lhes disse: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim envio-vos eu. Depois destas palavras soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados, lhes serão perdoados, e a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Evangelho de São João, Cap. XX, 19-23).

Jesus Cristo, no seu amor, vem em auxílio do pecador por meio de um Sacramento especial. Durante sua vida terrena, perdoou aos pecadores arrependidos, e na Cruz expiou a culpa de toda a humanidade. No dia da sua Ressurreição, deu aos Apóstolos e aos seus sucessores no sacerdócio, o poder de perdoar os pecados em seu nome. Instituiu assim o Sacramento da Confissão ou Penitência e o confiou à sua Igreja.

2) Quando devemos nos Confessar

Devem receber o Sacramento da Penitência todos aqueles que cometeram algum pecado mortal depois do Batismo. Não há obrigação de confessar os pecados veniais, pois estes podem ser perdoados também de outros modos, como fazendo um Ato de Contrição perfeito, rezando devotamente um Confiteor, fazendo uma boa ação por amor a Deus. Mas é muito útil confessarmos também deles, pois na Confissão Jesus Cristo vem em nosso auxílio por meio de abundantes graças próprias deste Sacramento, por exemplo, forças especiais para não pecar novamente. É, pois, muito útil confessar regularmente, mesmo os pecados veniais.

Além de confessar os pecados mortais e os pecados veniais, a Confissão também serve para expor uma dúvida que esteja nos afligindo, para pedir um conselho ao Padre, para pedir uma explicação. Essas coisas podem ser ditas em outra hora, mas o confessionário ajuda a conversar sobre a vida espiritual e moral.

3) A Forma e a Matéria da Confissão

Jesus Cristo ordenou que no Sacramento da Confissão, os pecados fossem perdoados ou retidos, ou seja, não perdoados ou deixados para uma próxima Confissão. Cabe ao Padre julgar, como juiz que ele é, se há verdadeiro arrependimento. Como o Padre não pode adivinhar os nossos pecados, nós devemos confessá-los, ou seja, declará-los, dizê-los claramente, sem esconder nenhum deles. Os nossos pecados assim ditos diante do Padre constitui a matéria do Sacramento da Confissão.

Depois que confessamos, arrependidos, os nossos pecados, o Padre nos absolve com as palavras da forma do Sacramento: Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Vemos assim que é preciso três coisas principais neste Sacramento: a matéria (os pecados confessados), a forma (absolvição pelo Padre) e o arrependimento.

4) Os efeitos da Confissão

Quando o Sacerdote nos absolve, Jesus Cristo, nosso Redentor, nos perdoa todos nos nossos pecados. Nós, que estávamos afastados de Deus pelo pecado, somos reconciliados com o Pai Celeste, pelo perdão do pecado e da pena eterna. A Confissão nos restitui, nos devolve a graça santificante, a amizade de Deus, bem como os méritos que perdemos por causa do pecado. A Confissão nos traz muitas forças para não mais pecar.

A pena eterna nos é perdoada. O que isso quer dizer?

Quando cometemos um pecado mortal, ficamos sujeitos a dois tipos de castigo:

- a pena eterna, que é a condenação ao iinferno, onde nunca se vê a Deus e onde se sente ódio de Deus, de si mesmo e de todos;

- a pena temporal, que é o sofrimento doo fogo que queima as almas do inferno.

Quando nos arrependemos do pecado e recebemos a absolvição, somos imediatamente perdoados da pena eterna, ou seja, não vamos mais para o inferno. Mas continuamos sujeitos à pena temporal, ao fogo. Para pagar esta pena temporal e poder entrar no Céu perfeitamente puras, as almas passam pelo Purgatório. Lá elas sofrem muito, sofrem também no fogo, mas este sofrimento tem a consolação de se saber que em breve estarão no Céu, na Felicidade Eterna, vendo a Deus face a face e podendo amá-lo e adorá-lo eternamente. Mas as almas do Purgatório sofrem muito. Por isso devemos rezar muito por elas, pedindo a Deus, à Nossa Senhora, à São Miguel Arcanjo, que levem estas almas sofredoras para o Céu.

Mas Deus nos ajuda também para diminuir o tempo que devemos passar no Purgatório. Como?

Ele permite que nós tenhamos muitos sofrimentos aqui na Terra. Quando somos católicos e conhecemos todas estas coisas que estamos estudando, aprendemos a oferecer estes sofrimentos a Jesus, em vez de ficarmos reclamando e praguejando contra Deus.

Nossas orações também servem para diminuir nossa pena temporal. Por isso, na Confissão, o Padre nos dá a penitência. Esta oração, ou a obra que o Padre nos manda fazer (jejum, esmola, sacrifício) serve para diminuir nossa pena temporal. Por isso, em vez de desejarmos penitências pequenas e rápidas, devemos nos alegrar quando o Padre nos pede algo que devemos fazer com algum esforço, pois estaremos diminuindo mais a nossa pena temporal.

5) Como devemos nos Confessar

Exame de consciência. Devemos rezar ao Divino Espírito Santo para que Ele nos ilumine sobre nossos próprios pecados. Refletimos, procuramos nos lembrar de todos os pecados que cometemos desde a última Confissão. Podemos ter ofendido a Deus por pensamentos, por atos pecaminosos, por omissões no nosso dever.

Devemos nos lembrar do pecado, mas também do número de vezes que o cometemos e de alguma coisa que possa ter agravado ou diminuído a gravidade do pecado. Tudo isso devemos dizer ao Padre.

Quando já sabemos mais ou menos o que vamos dizer ao Padre, nos aproximamos do confessionário com respeito e recolhimento. Muitas crianças não entendem bem que a Confissão é uma cerimônia religiosa, um rito, e não uma conversa com o Padre. Estamos ali diante de Deus.

Pedimos a benção ao Padre, dizemos quando foi nossa última Confissão, e dizemos todos os pecados, uma após o outro, com o número e algum detalhe importante, sem alongar muito os detalhes que nos levaram a cometer o pecado. Se for necessário algum detalhe a mais, o Padre perguntará. Não podemos esconder nenhum pecado grave, pois isso tornaria a Confissão inválida e estaríamos abusando da bondade de Deus. Muitas pessoas, por vergonha, escondem algum pecado. O Padre, que não pode adivinhar, dá a absolvição, mas Deus não perdoa uma alma mentirosa. Depois aquela pessoa vai para a Missa e ainda comunga, cometendo o pecado de sacrilégio. Tenhamos sempre sinceridade nas nossas confissões.

Quando terminamos de confessar, ouvimos os conselhos do Padre. Sempre aprendemos alguma coisa boa para nossa alma nesta hora. Prestemos muita atenção! E procuremos agir segundo estes conselhos, principalmente quando se trata de reparar algum mal causado aos outros, como pedir desculpas a alguém, devolver algo roubado, etc. O Padre, nesta hora, nos dará a penitência, que rezaremos assim que possível, de preferência logo após a Confissão, em união à Paixão de Nosso Senhor. Depois, ele nos manda rezar o Ato de Contrição. Enquanto rezamos, ele nos dá a absolvição, que termina com esta bela oração:

"Que a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, os méritos da bem-aventurada Virgem Maria e de todos os Santos, e tudo o que tiverdes feito de bom e suportado de mal, vos seja aplicado para a remissão dos pecados, aumento das graças e para a recompensa da vida eterna. Amém."

Que Deus não permita que nos afastemos algum dia da prática da Confissão regular, meio seguro de alcançar a salvação eterna!




VOLTAR